A floresta amazônica está perdendo a
batalha contra os impactos das mudanças climáticas e desmatamento. O alerta vem
de artigo publicado na revista Nature, que divulga o resultado de dez anos de
estudos sobre o ecossistema da região. A partir da análise da interação entre
os sistemas biológicos e físicos com os sociais e econômicos o estudo mostrou
que a capacidade natural de a floresta se regenerar não está dando conta de
resistir a frequência das agressões.
“A floresta teria a capacidade de se
recuperar de uma seca intensa como as que ocorreram em 2005 e 2010, mas não de
duas em menos de cinco anos”, exemplifica a professora Mercedes Bustamante, do
Departamento de Ecologia, uma das autoras do artigo. Ela explica que a soma de
eventos extremos decorrentes das mudanças climáticas com a destruição da
floresta pela ação humana pode estar acarretando em transformações
irreversíveis no ecossistema da floresta.
Uma delas é conversão do bioma de um
grande sumidouro de gases de efeito estufa – absorvendo o carbono presente na
atmosfera – para um emissor desses poluentes. “Isso já acontece em algumas
áreas, especialmente onde há uma ocorrência grande de queimadas”, destaca
Mercedes. A pesquisadora esclarece, por outro lado, que ainda é cedo para
afirmar se essa tendência vai ou não se consolidar. “O balanço de quanto
carbono a floresta perde e absorve é muito difícil de ser fechado, pois estamos
falando de uma área muito ampla”.
ESPERANÇA – O cenário é preocupante, mas
o artigo é otimista quanto a oportunidade que a crise traz para a construção de
um modelo de desenvolvimento mais sustentável. “O Brasil está prestes a se
tornar um dos poucos países a realizar a transição para uma grande potência
econômica sem destruir a maioria de suas florestas”, afirmam os pesquisadores
na conclusão do artigo. “No entanto, melhorias contínuas na capacidade
científica e tecnológica e recursos humanos serão necessários na região
amazônica”, ponderam em seguida. Para Mercedes, as mudanças passam primeiro
pela atuação dos agentes públicos em estratégias mais sustentáveis para o
desenvolvimento da região. “A função de trabalhos como esse é justamente o de
orientar políticas públicas”, afirma.
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